Chegada a Ensenada, México

Finalmente chegámos a Ensenada, a cidade que serve de base à Baja Score 500.

A passagem para o México faz lembrar a entrada em Marrocos, uma fronteira que separa 2 mundos completamente diferentes. Só que o mediterrâneo é substituído por um muro fortemente patrulhado pela policia dos EUA.

A participação numa prova com estas características envolve uma grande logística. Para uma equipa de 4 motos são necessárias 14 motos. Além das 4 para o dia da prova, são necessárias mais para os treinos dos pilotos (pre-run) e outras suplentes!

As motos para a prova estão bem protegidas neste atrelado.

Amanhã é o primeiro dia a andar na moto.

Primeiro dia na Califórnia

Depois de chegar ontem à noite a San Diego, hoje foi dia de recuperar do jetlag, com o fuso de -8 horas para Portugal e após uma viagem de quase 24 horas.

Ainda assim, houve tempo para estar junto das motos, com a visita a uma das maiores lojas de motos da Califórnia.

Amanhã é dia de partida para Ensenada para iniciar o pre-run.


Ao "lado" de outro piloto IronMan.

Esta mega loja inclui uma espectacular colecção de motos.

Mais uma das excentriciadas made in USA. Uma CRF 450 nova já preparada para andar nas dunas.

Honda XR650R - The king of Baja

A Honda XR650R tem um curriculum notável na Baja, incluindo o record de vitórias. É uma moto que conheço bem e com a qual já fiz milhares de quilometros. Não podia assim escolher outra moto para a minha estreia na Baja

Versão Baja Score 500

Versão Baja Score 1000

Mas a XR650R não se limitou a competir na América e várias versões fizeram o Dakar. Johnny Campbell, na sua única participação em África, obviamente que levou uma XR, mas completamente diferente da que estava habituado. Ainda assim, chegou ao final em 8º e 1º privado.

O pluri-campeão nacional Paulo Marques também experimentou a XR no Dakar e Tunisia, assim como muito outros pilotos privados, com preparações muito distintas.

Versão Dakar Rally Raid UK

2 versões Dakar de Jun Mitsuhashi, japonês que durante alguns anos competiu no Dakar de XR650R com o apoio da fábrica.

Os outros veículos

Na Baja competem carros, motas e quads em diferentes classes e muito variados. Mas há uns ainda mais exóticos.

Os side-cars despertam a atenção por onde passam, como é o caso da equipa que construiu em casa um gigante sidecar com motor Harley-Davidson V-Rod, para competir na Baja, em Pikes Peak e no Lisboa Dakar 2006.

Na década de 80 a Honda criou o ATC – All Terrain Cycle – mais conhecido por Moto3, para quem tinha receio de se equilibrar em 2 rodas, e percursores do bem sucedidos Moto4/quads. Eram lentos mas perigosos, desconfortáveis pois não tinham suspensões... ainda assim fazem parte da história da Baja.

Mas a história mais bizarra é certamente a da roulote de campismo (!) que competiu na Baja 500 em 1971. O importador de uma marca de roulotes queria demonstrar a sua resistência e durabilidade e decidiu atrelar uma num Ford Bronco a apresentou-se nas verificações em Ensenada.

A organização, incrédula, aceitou a inscrição e lá partiram, depois de fazer o habitual pre-run. Pelo caminho encontraram muitos furos, que obrigaram a andar sem pneu só com a jante, problemas de aquecimento no carro pelo esforço extra nas zonas sinuosas, dificuldade em explicar nas zonas de assistência que estavam em prova.

E chegaram ao final 26 horas e 2 minutos depois (bem abaixo do limite de 30 horas) e longe de serem os últimos.

Para a marca foi uma excelente acção de marketing, tentaram repetir mas a orgnização não voltou a autorizar.

Lendas da Baja – os totalistas

Por incrível que pareça, há 2 pilotos que participaram em todas as Baja 1000 desde 1967. Rod Hall de carro e Ron Bishop sempre de mota.
Rod Hall venceu a Baja 1000 em 1969 com um Ford Bronco e até hoje, em mais de 40 anos é a única vitória à geral na Baja de um veículo de 4 rodas motrizes, o que é espantoso numa prova de todo-o-terreno e demonstra como neste lugar tudo é diferente.
Desde 1993 que Rod Hall compete com Hummers na Full-Stock Production Class, os veículos mais próximos de série. Em 1996 levou o gigante H1 ao Dakar, um veículo de série (ao contrário do de Robby Gordon), lento e pesado mas chegou ao final.
Actualmente faz equipa com os seus 2 filhos com 3 Hummers (H2 e H3), com a particularidade de cada um se inscrever na mesma prova como piloto nos 3 carros, o que faz com que vão alternando a condução de cada carro durante a prova e conforme as necessidades.
Rod Hall é o piloto com mais vitórias à classe na Baja e está longe de parar.

Ron Bishop é outra lenda da Baja. Foi piloto oficial Kawasaki e competiu nos International Six-Day Trials, actuais ISDE (expoente máximo do enduro mundial que este ano será na Figueira da Foz, em Setembro). Mas foi na Baja que fez história ao participar consecutivamente desde 1967, com um 2º lugar em 1972.
A velocidade média na prova duplicou em 40 anos mas isso não o assusta. Inclusivamente, em 2006 participou na rápida BMW HP2 de Tim Morton e Jimmy Lewis.